Tecendo o Saber
Não
é de nenhuma curiosidade histórica que há de ser discorrida, mas uma reflexão e
análise comparativa acerca dos pressupostos teóricos do processo de
ensino/aprendizagem, que sempre se faz presente e necessária na vida de todo e
qualquer educador que não pode ser delegada, uma vez que a reflexão geradora da
mudança depende mais do homem do que do cidadão.
Esta
ferramenta parte da iniciativa de tornar pública e de fácil acesso as atividades
desenvolvidas na disciplina de estágio em língua inglesa I – observação-
ministrada pela professora Gina Teixeira da faculdade Jorge Amado campus
Comércio.
Eu,
Calisto Ribeiro dos Santos, 18 anos, professor e escritor baiano, aluno do curso
de letras vernáculas com inglês da UNIJORGE, tenho encontro marcado com todos os
leitores assíduos do site todas as segundas-feiras, postagem semanal, a fim de
compartilhar as experiências de um aspirante a professor de língua inglesa nas
escolas públicas de Salvador.
Antes
de falarmos necessariamente sobre a escola do meu estágio, vamos teorizá-lo! A
seguir teremos uma reflexão dos conceitos de ensino e aprendizagem, além das
hipóteses levantadas pelos linguistas e pedagogos sobre aquisição,
desenvolvimento e ensino de línguas (tanto materna quanto estrangeira); far-se-á
então um afunilamento dos assuntos partindo de teorias transversais sobre
aquisição, desenvolvimento e ensino de línguas para que depois possamos adentrar
somente na prática de língua estrangeira no Brasil mais precisamente sobre os
fatores internos e externos do processo de aprender e ensinar línguas
estrangeiras. Boa Leitura e até a próxima segunda-feira dia
29/10/2012.
Quem
quiser entrar em contato, compareça no lançamento do meu primeiro livro
LEITE & MEL na faculdade JORGE AMADO -
PARALELA às 19 horas na SALA 4003, no próximo DIA 30!
Segue abaixo a capa da obra em questão que será vendida pelo preço de R$
20,00.
Abordagem
Tradicional
A
principal característica, hoje bastante criticada, mas ainda assim adotada pela
maioria dos professores é a imanência; ou seja, a maneira pela qual os assuntos
são trabalhados em sala não tem aplicabilidade em outros ambientes de
aprendizagem, impossibilitando uma fácil assimilação dos assuntos com os
contextos comunicativos fora da sala de aula.
Por
conseguinte, como define Saviani (1949, p.9): “A escola surge como um antídoto à
ignorância, logo, um instrumento para equacionar o problema da marginalidade.
Seu papel é difundir a instrução, transmitir os conhecimentos acumulados pela
humanidade e sistematizados logicamente.”.
Ao
imbuir esta abordagem em sua prática educativa, o professor estará compactuando
para que os principais elementos que constituem os componentes do
ensino/aprendizagem fiquem assim retratados:
A
ESCOLA
|
Único lugar para a realização da
educação.
Organizada por funções rígidas e claramente
definidas.
Prepara os indivíduos para a
sociedade.
|
O
ALUNO
|
Ser
“passivo” que deve assimilar os conteúdos transmitidos pelo
professor.
Deve
dominar o conteúdo cultural universal transmitido pela
escola.
|
O
PROFESSOR
|
É
o transmissor dos conteúdos aos alunos.
Predomina
como autoridade.
|
ENSINO
E APRENDIZAGEM
|
Os
objetivos educacionais obedecem à sequência lógica dos
conteúdos.
Os
conteúdos são baseados em documentos legais, selecionados a partir da cultura
universal acumulada.
Predominam
aulas expositivas, com exercícios de fixação,
leitura-cópia.
|
Toda
manifestação e concepção artística, filosófica e/ ou cultural passa por diversas
mudanças ao longo da história do desenvolvimento humano por ser a mudança
inerente à necessidade humana de modificar o ambiente a sua volta a fim de
garantir sua sobrevivência e interação com semelhantes da sua espécie, com
efeito, rupturas a paradigmas pré-estabelecidos, seculares e privilegiados são
inevitáveis; o que não poderia deixar de ser com relação ao ensino e
aprendizagem das línguas maternas e estrangeiras que surge a partir da abordagem
tradicional inúmeras abordagens linguísticas (Estruturalismo, Gerativismo,
Sociolinguística, Funcionalismo, Linguística Cognitiva, Linguística Textual), e
teorias sobre a aquisição, processamento e ensino de línguas que serão contra e
até mesmo a favor a “pedagogia da transmissão”. Que independente serem contra ou
não a esta abordagem e sua consequente concepção e ensino, todas propõe uma
reflexão crítica aos fundamentos de uma pedagogia subversiva e castradora.
Ver-se-á
a partir de agora outras abordagens e a forma como elas retratam os componentes
de aprendizagem.
É a partir desta abordagem que surge uma
verdadeira “engenharia” comportamental em sala, pois se utilizará meios
eletrônicos como lousas digitais em 3D, notebooks de última geração com acesso
constante a internet, data-show e outros como aparato básico para uma educação
de qualidade que será atingida a partir de uma moldagem comportamental do
professor que deve utilizar estratégias de ação e recompensa por uma tarefa bem
sucedida.
Nesta perspectiva, o ensino necessitará
exclusivamente de tecnologias e as salas de aulas tornar-se-ão um verdadeiro
laboratório de aplicação das teorias científicas sobre comportamento humano,
para que a escola redija aos seus educadores manuais e tutoriais de
comportamento, com instruções já programadas de como proceder em sala e as
possíveis respostas dos alunos aos estímulos a ser realizados pelo professor. De
tal forma que:
A
ESCOLA
|
Agência educacional. Modelo empresarial
aplicado à escola. Divisão entre planejamento (quem planeja) e execução (quem
executa). No limite, a sociedade poderia existir sem escola. Uso da teleducação.
Ensino à distância.
|
O
ALUNO
|
Elemento
para quem o material é preparado. O aluno eficiente e produtivo é o que lida
“cientificamente” com os problemas da
realidade.
|
O
PROFESSOR
|
É
o educador quem seleciona, organiza e aplica um conjunto de meios que garantam a
eficiência e eficácia do ensino.
|
ENSINO
E APRENDIZAGEM
|
Os
objetivos educacionais são operacionalizados e categorizados a partir de
classificações: gerais (educacionais) e específicos (instrumentais). Ênfase nos
meios: recursos audiovisuais, instrução programada, tecnologias de ensino,
ensino individualizado (módulos instrucionais), computadores, hardware,
software. Os comportamentos desejados serão instalados e mantidos nos alunos por
condicionantes e
reforçadores.
|
Foi
a partir da pedagogia liberal, em sua versão progressista, que esta abordagem
começou a ser utilizada na qual é privilegiado o aspecto metodológico do ensino
em detrimento dos conteúdos das matérias.
Em
resposta a esta visão mecanicista sobre o ensino/aprendizagem próxima ao
behaviorismo (veremos mais à frente) pedagogos como Hetkowski e Lima Júnior
discutem de que forma a técnica e a tecnologia contribuem na consolidação de uma
sociedade mais justa e igualitária, além da desconstrução que o senso comum tem
de tecnologia em sala de aula ao tecer críticas indiretas a esta
abordagem.
Em
seu artigo “Educação e Contemporaneidade: por uma abordagem
histórico-antropológica da tecnologia e da práxis humana” Hetkowski e Lima
Júnior afirmam que a fim de estabelecer uma sociedade mais uniforme em seus
direitos e deveres, a técnica e suas tecnologias devem ser compreendidas como
sendo um processo de criação e transformação do homem e do seu contexto local.
Pois, a realidade atual é tão complexa e heterogênea que as práticas de ensino
devem passar por um redimensionamento consoante à situação do contexto
sociocultural.
Oriunda
do vocábulo grego τεχνική, a técnica e suas tecnologias
estão intrínsecas no desenvolvimento sociocultural humano e deve ser
compreendida como um processo criativo de ensino-aprendizagem. Novas formas de
aprender e se ensinar.
Não
são necessariamente os aparatos tecnológicos que irão fazer a diferença no
ensino, contribuem bastante, mas quem terá acesso a uma escola semelhante a um
laboratório de ficção-científica? e o caráter pesquisador que todo professor
deveria exercitar, ou seja, ter tecnologia em sala não é sinônimo de lousas
digitais em 3D, notebooks de última geração com acesso constante a internet e
etc., mas a maneira pela qual você viabiliza este conhecimento a fim de
transformar a realidade sociocultural do alunado.
O
enfoque agora é o sujeito fruto da relação interacionista sujeito-objeto. Nesta
perspectiva o professor perde o halo
o endeusamento que lhe garantia a detenção do saber quase divino sobre tudo, e
passa a ser um facilitador da aprendizagem.
Toda
ação gera uma reação, assim sendo, a mudança de professor detentor do saber para
facilitador do acesso ao conhecimento, implica em uma nova perspectiva sobre o
conhecimento, e uma prima maior pelo aluno que será, em grande parte,
responsável pela aquisição e desenvolvimento do conhecimento adquirido pela
própria motivação (fator interno da aprendizagem) e o professor somente
direcionaria o potencial do aluno para algo que lhe fosse produtivo, pois a
relação facilitador-aluno seria interpessoal a fim de o professor melhor
identifique quais as amarras que o aluno de crescer como indivíduo. Ou seja,
segundo Saviani (1984):
O
professor agiria como um estimulador e orientador da aprendizagem, cuja
iniciativa principal caberia aos próprios alunos. Tal aprendizagem seria uma
decorrência espontânea do ambiente estimulante e da relação viva que
estabeleceria entre estes e o professor.
Por
conta desta abordagem faz-se necessária uma reflexão sobre as características da
aprendizagem, quais os fatores motivacionais que a abordagem tanto fala e como
se caracteriza o processo da aprendizagem enquanto resultado de uma reflexão
crítica sobre os fundamentos subversivos da pedagogia atual que
são:
1.
Processo
Dinâmico:
O
processo dinâmico da aprendizagem se caracteriza pela motivação interna do
aluno, que depende mais do individuo que do cidadão.
-
Processo de participação: físico, intelectual, emocional e
social.
-
A aprendizagem não depende somente do conteúdo e do professor, mas da reação dos
alunos com o ambiente social da escola. Na qual se eleva uma
questão:
De
que forma o processo físico, intelectual, emocional e social interferem na
aprendizagem do aluno.
Neste
processo observa-se que a aprendizagem não se reduz só ao acadêmico, mas também
a um contexto de vida do indivíduo que deve ser abarcado dentro da perspectiva
humanista da aprendizagem.
3.
Processo
global ou Compósito:
Se
o fenômeno da aprendizagem envolve uma mudança de comportamento e o
comportamento é fruto da personalidade, então se deve equilibrar todos os
aspectos constitutivos do ato de aprender.
4.
Processo
pessoal:
A
nova configuração da escola moderna que se concentra na aprendizagem do aluno de
uma forma singular e não uniforme.
5.
Processo
gradativo:
Como
o próprio nome já sugere, é do simples ao complexo. O conhecimento é adquirido
de forma seriada e fragmentada aumentando à complexidade consoante a maturação
do aluno, mas dentro de um cronograma.
Observa-se
então que, o processo de aprendizagem é ativo, uma vez que a aprendizagem é a
soma de vários fatores dentre eles o físico, intelectual dentre outros, que
representam uma nova perspectiva sobre a aprendizagem na qual o aluno passa de
objeto a sujeito da sua própria aprendizagem. Como podemos ver na tabela
abaixo:
A
ESCOLA
|
Escola
proclamada para todos. “Democrática”. Afrouxamento das normas disciplinares.
Deve oferecer condições ao desenvolvimento e autonomia do
aluno.
|
O
ALUNO
|
Um
ser “ativo”, centro do processo de ensino e aprendizagem. Aluno criativo, que
“aprendeu a aprender”, aluno participativo.
|
O
PROFESSOR
|
É
facilitador da aprendizagem.
|
ENSINO
E APRENDIZAGEM
|
Os
objetivos educacionais obedecem ao desenvolvimento psicológico do aluno. Os
conteúdos programáticos são selecionados a partir dos interesses dos alunos. Não
há diretividade, a avaliação valoriza aspectos afetivos (atitudes) com ênfase na
auto-avaliação.
|
ABORDAGEM
COGNITIVISTA
Esta
abordagem fixa-se nos “processos centrais” do indivíduo, tais como estilos de
pensamento, estilos de comportamento, e de como a informação é processada e
organizada em conhecimento.
Seu
principal representante é o filósofo e biólogo suíço Jean Piaget, como efeito,
esta abordagem também é comumente chamada de piagetiana devido a sua grande
difusão e influência na pedagogia contemporânea.
No
cognitivismo construtivista a linguagem é uma mera consequência da construção da
inteligência, pois as estruturas do conhecimento ou cognitivas são feitas a
partir da interação do ambiente com o organismo.
Ou
seja, quanto mais desafiador e provocativo o ambiente for, mais estruturas
cognitivas vão ser estabelecidas no indivíduo, por conseguinte o professor tende
a propiciar atividades que desafiem a lógica do aluno para desestabilizá-lo. A
interação com os outros indivíduos somente será estabelecida depois que a
criança controlar seu comportamento e o ambiente, pois a interação com outras
pessoas será parte do processo de internalização. Como muito bem define Saviani
(1984, p.11-5):
Essa
maneira de entender a educação, por referência à pedagogia tradicional tenha
deslocado o eixo da questão pedagógica do intelecto para o sentimento: do
aspecto lógico para o psicológico;... De uma pedagogia de inspiração filosófica
centrada na ciência da lógica para uma pedagogia de inspiração experimental
baseada principalmente nas contribuições da biologia e da psicologia. “Em suma,
trata-se de uma teoria pedagógica que considera que o importante não é aprender,
mas aprender a aprender”.
A
ideia de aprender fazendo pode ser identificada nos componentes da aprendizagem
na tabela abaixo:
A
ESCOLA
|
Deve
dar condições para que o aluno possa aprender por si mesmo. Deve oferecer
liberdade de ação real e material. Deve reconhecer a prioridade psicológica da inteligência sobre a
aprendizagem. Deve promover um ambiente desafiador favorável à motivação
intrínseca do aluno.
|
O
ALUNO
|
Papel
essencialmente “ativo” de observar, experimentar, comparar, relacionar,
analisar, justapor, compor, encaixar, levantar hipóteses, argumentar, e
etc.
|
O
PROFESSOR
|
Deve
desenvolver a inteligência, considerando o sujeito inserido numa situação
social.
|
ENSINO
E APRENDIZAGEM
|
Deve
desenvolver a inteligência, considerando o sujeito inserido numa situação
social. A inteligência constrói-se a partir da troca do organismo com o meio,
por meio das ações do indivíduo. “Baseados no ensaio e no erro, na pesquisa, na
investigação, na solução de problemas, facilitando o ‘aprender a pensar’”.
Ênfase nos trabalhos em equipe e
jogos.
|
ABORDAGEM
SOCIOCULTURAL
Deferentemente
da abordagem anterior, esta se refere muito mais a uma abordagem interacionista
do que cognitivista. Se ampliarmos a limitada concepção tradicional e do senso
comum de que só há aprendizagem na escola, ampliar-se-á também as portas para a
inserção ou valorização das diversidades linguísticas e étnicas do Brasil, que o
torna tão singular.
O
domínio social é o espaço físico onde as pessoas interagem assumindo certos
papeis sociais, que são construídos no próprio processo de interação humana,
pois formam um conjunto de obrigações e de direitos definidos por normas
socioculturais. Com efeito, quando usamos a linguagem para nos comunicar, também
estamos construindo e reforçando os papeis sociais próprios de cada domínio.
Essa
pluralidade típica de cada domínio é extremamente importante para a distinção de
cada indivíduo dentro de uma sociedade; dessa forma surgem as hierarquias em que
todos os indivíduos aprendem ao serem inseridos dentro de uma sociedade. O aspecto formal da aprendizagem não é o
único, não pode ser considerado isoladamente e tampouco priorizado. Como afirma
Saviani:
As
teorias são críticas, uma vez que postulam não ser possível compreender a
educação senão a partir dos seus condicionantes sociais. Há, pois, nessas
teorias uma cabal percepção da dependência da educação em relação à sociedade.
Entre, como as análises que desenvolvem chegam invariavelmente à conclusão de
que a função da educação consiste na reprodução da sociedade em que ela se
insere, bem merecem a denominação de “‘teorias
crítico-reprodutivas’”.
A
ESCOLA
|
Deve
ser organizada e estar funcionando bem para propiciar os meios para que a
educação se processe em seus múltiplos aspectos.
|
O
ALUNO
|
Uma
pessoa concreta, objetiva, que determina e é determinada pelo social, político,
econômico, individual (pela história). Deve ser capaz de operar conscientemente
mudanças na realidade.
|
O
PROFESSOR
|
É
o educador que direciona e conduz o processo de ensino e aprendizagem. A relação
entre professor e aluno deve ser horizontal, ambos se relacionam se posicionando
como sujeitos do ato de conhecimento.
|
ENSINO
E APRENDIZAGEM
|
Os
objetivos educacionais a partir das necessidades concretas do contexto
histórico- social no qual se encontram os sujeitos. Busca uma consciência
crítica. O diálogo e os grupos de discussão são fundamentais para o aprendizado.
Os temas sempre transversais para que o ensino seja extraído da prática de vida
dos educandos.
|
Em resumo:
ABORDAGENS
DE ENSINO/APRENDIZAGEM
|
PRIMA
DO OBJETO
|
PRIMA
DO SUJEITO
|
PRIMA
DO SUJEITO-OBJETO
|
ABORDAGEM
TRADICIONAL
|
X
|
||
ABORDAGEM
COMPORTAMENTALISTA
|
X
|
||
ABORDAGEM
HUMANISTA
|
X
|
||
ABORDAGEM
COGNITIVISTA
|
X
| ||
ABORDAGEM
SOCIOCULTUAL
|
X
|
Faz-se
também necessário ressaltar as tabelas aqui presentes, assim como a proposta
desta reflexão parte do minucioso trabalho de Roberto Vatan dos Santos,
pós-doutorado em contabilidade na University of Ilinois at Urbana-Champain, EUA;
Doutor e mestre em Ciências Contábeis pela FEA-USP.
A
partir de agora daremos maior ênfase às hipóteses do inatismo dentre elas o
Gerativismo, que é bastante estudado nos cursos de letras e o interacionismo, a
fim de tentar responder, a luz destas duas correntes opostas, o papel do adulto
na aprendizagem de línguas pelas crianças.
HIPÓTESE BEHAVIORISTA
O
objetivo da teoria formulada por Bloomfield era de desenvolver um método
analítico e descritivo apropriado ao estudo sincrônico de qualquer língua,
reduzindo a sua estrutura morfológica e sintática em seus elementos
constituintes.
Para
que possamos estudar uma língua o linguista respaldado no distribucionalismo
deve defender a ideia de que todas as línguas são divididas em três partes:
sintático, morfológico e fonológico, que obedecem a uma linearidade de
agrupamento que oscila do mais simples ao mais complexo, e cabe ao linguista
competente, quando este analisar uma língua, obedecer este princípio para
decompor qualquer estrutura frasal até seu morfema, unidade mínima indivisível.
Fazendo-se necessária a elaboração de um corpus, para que se possa na prática, o
funcionamento dessas estruturas.
A
proposta de analisar qualquer língua humana ao considerá-la como um conjunto
divisível apoia-se na ideia behaviorista
de que o homem não era um indicador, mas o próprio objeto de estudo da
psicologia e sendo a fala como efeito do pensamento humano, esta torna-se
puramente previsível assim como sua estrutura
linguística.
Na
análise de constituintes imediatos a frase é vista sob um ponto de vista
imanente, puramente analítico e mecanicista. A frase é vista como uma unidade
máxima analisável, na qual se emprega métodos de redução para decompô-la em seus
constituintes a fim de entender o seu funcionamento.
As
formulações propostas por Bloomfield sob a inspiração do behaviorismo
representaram nos estudos linguísticos desenvolvidos nos EUA durante as
primeiras décadas do século passado uma oposição às ideias mentalistas na qual a
fala deveria ser explicada como um efeito do pensamento do sujeito
falante.
Ao
lado de Bloomfield, Edward Sapir é apontado como um autor clássico da
linguística norte-americana do início do século XX. Entretanto, os estudos Sapir
romperam os limites do estruturalismo saussuriano devido ao enfoque
antropológico e etnólogo, a fim de reconstruir as estruturas linguísticas
consideradas resultantes do contexto social e cultural.
A
repetição das respostas associadas a estímulos serviu durante muitos anos como o
método imprescindível para o ensino de língua estrangeira e materna, pois
segundo esta teoria todo conhecimento é oriundo da experiência de vida do
indivíduo, sobretudo o linguístico. A aprendizagem linguística se dá por: estímulo – resposta – reforço. Ou seja,
é moldagem comportamental semelhante ao adestramento de animais usados durante a
segunda guerra mundial como, por exemplo, o sistema do pombo-correio americano.
Vejamos na prática como Bloomfield
(1933: 29-30) descrevia pela visão comportamentalista da linguagem a aquisição
das línguas:
Cada
criança que nasce num grupo social adquire hábitos de fala e de respostas nos
primeiros anos de sua via... Sob estimulação variada, a criança repete sons
vocais. (...) Alguém, por exemplo, a mãe, produz, na presença da criança, um som
que se assemelha a uma das sílabas do balbucio. Por exemplo, ela diz doll (boneca). Quando esses sons chegam
aos ouvidos da criança, seu hábito entra em jogo e ela produz a sílaba de
balbucio mais próxima. Dizemos que nesse momento a criança começa a imitar.
(...) A visão e o manuseio da boneca e audição e a produção da palavra doll ocorrem repetidas vezes em
conjunto, até que a criança forma um hábito. (...) Ela tem agora o uso de uma
palavra.
Este
ponto de vista tão simplista para explicar usado para explicar um processo tão
complexo que é a aquisição da linguagem ou de uma língua estrangeira, levou a
uma série de estudiosos inconformados com a falta de respostas para perguntas
que o Estruturalismo com base no Behaviorismo não conseguia responder como a
formulação e o entendimento de palavras nunca antes ditas, como as crianças
conseguem falar tão cedo e tão rapidamente se, de acordo com esta teoria, o
conhecimento é proporcional à experiência? Por essas e outras surge o Gerativismo que
se encontra no ramo das hipóteses inatistas sobre a
linguagem.
HIPÓTESE DO INATISMO
O
objetivo central do modelo teórico formal gerativista era a elaboração de um
paradigma teórico capaz de explicar e pormenorizar o processo abstrato de
aquisição das línguas naturais. Doravante a necessidade, esta teoria da
linguagem explicita a premissa de que a linguagem humana, a capacidade única e
exclusiva do homem de se comunicar exclusivamente por meio de línguas, nos é
herdada biologicamente de uma forma inata, através de um conjunto de órgãos ou
um órgão específico, que nos possibilita a aquisição de todas e quaisquer
línguas por via de um dispositivo de aquisição da
linguagem.
Por ser inatista (no sentido de ser tácito no
desenvolvimento humano adquirir a capacidade de comunicação), a aquisição da
linguagem defendida por Chomsky é de ponto de vista puramente imanente, pois uma
vez que ele privilegia o fator biológico como atuante e efetivo para a aquisição
das línguas naturais por meio da GU (Gramática Universal), um dos constituintes
da faculdade da linguagem, ele desfavorece a relevância do meio sociocultural do
falante.
Segundo
Chomsky o comportamento linguístico do indivíduo deve ser compreendido
fundamentalmente pelo seu caráter criativo, pois em contraponto aos
behavioristas dentre eles Skinner e Bloomfield, pode-se afirmar a ideia de que
eles, ainda que inconscientemente, aproximavam a linguagem humana da animal, uma
vez que a primeira para eles depende exclusivamente dos repetitivos e
previsíveis comportamentos humanos e sendo a linguagem um fruto social está
estaria fadada a responder somente a estímulos para se manifestar assim como
qualquer outro animal.
Esta
hipótese nada mais é do que o ponto de entrecruzamento, confluências das teorias
de base social, cognitiva e interacional a fim de explicar que existe uma
intenção linguística do falante em seu ato de fala e a criança quando começa a
entendê-lo põe-se a falar em balbucio e depois para algo mais concreto e próximo
da fala rotineira.
Esta
teoria enfoca no aprendizado cultural, a cultura como meio de socializar as
habilidades humanas e ensiná-las a fim de prolongar a existência de um grupo
específico e da espécie como um todo como, por exemplo: a agricultura, o domínio
do fogo, medicina e etc.
No
que se refere à aquisição da linguagem, esta teria uma intenção comunicativa,
pois segundo o russo Mikaih Bakhtin (1998, p. 329): “Se tomarmos o texto no
sentido amplo de conjunto coerente de signos, então também as ciências da arte
(a musicologia, a teoria e a história das artes plástica) se relacionam como
textos”. Assim sendo passível de leitura e interpretação de seus significados
que as crianças por volta dos nove meses já fazem na medida em que começa a
interagir com adultos imitando-lhes os gestos, a fala sendo o adulto um
referencial ou um formato para a aquisição da linguagem.
Por
ser uma hipótese de cunho funcionalista ela propõe que a análise das línguas
seja feita em seu uso real e concreto considerando o contexto comunicativo e a
linguagem de uso pertinente a cada contexto.
Estruturalismo
e Gerativismo focalizam os aspectos estruturais ou formais das sentenças sem
levar em conta os fenômenos interacionais. – ponto de vista mecanicista e
imanente, pois para o Funcionalismo o que motiva as estruturas sintáticas é o
contexto real de fala ou escrita, ou seja, analisa a língua em seu uso
discursivo dentro de um contexto.
Todas
as abordagens e hipóteses levantadas assim como as características da
aprendizagem devem ser compreendidas não como conhecimentos modulares
independentes, mas como um diassistema (sistema dentro de outro sistema) de
contínua renovação, na qual todo conhecimento é interligado ao se entrecruzarem.
Toda essa discussão nos leva a um
assunto imprescindível que é as concepções de linguagem e seus desdobramentos em
sala.
* Primeira concepção de linguagem advinda
da Grécia na qual se privilegia o modelo ideal de língua e não o real.
Consequentemente, quem não se expressa bem é um bárbaro que não pensa
direito.
* Origem do preconceito linguístico ao
falante que adota uma variante que não seja a privilegiada pela gramática
normativa ou ensino de qualidade, quase sempre acessível somente à classe alta,
dominante.
Franchi
(1991:48) defende a ideia de que a gramática normativa é: “o conjunto
sistemático de regras para bem falar e escrever, estabelecidas pelos
especialistas, com base no uso da língua consagrada pelos escritores cânones da
literatura.”.
A
LINGUAGEM É INSTRUMENTO DE COMUNICAÇÃO:
*
Concepção
dialógica da linguagem, na qual a interação é realizada por sujeitos que
compartilham conhecimentos e visões de mundo.
* A linguagem como transmissora (não mais
o indivíduo como transmissor) de informações.
*
As regras ainda continuam, mas de maneira implícita; negligenciam a variação
linguística.
A
LINGUAGEM É A FORMA OU UM PROCESSO DE
INTERAÇÃO:
*
Comunicação entre sujeitos. Tanto o receptor quanto o transmissor interagem com
a linguagem.
Independente
da língua em que se ensino o trabalho pedagógico no ensino de línguas vem se
processando na escola ao longo dos anos e qual a concepção de linguagem que se
encontra implícita nessa prática?
Conforme afirma Suassuna (1995): “a questão não é se produzir textos, motivar,
fazer debates... etc. Ainda são práticas viáveis; o que importa é a concepção de
língua que subjaz essas práticas.
O
projeto didático somente é possível quando se une teorias a pratica docente. Não
há prática sem teoria, e teoria sem prática. Conforme afirma Silva (1986:22):
“teoria e prática, portanto, estão intimamente relacionadas e configuram-se na
viabilidade do processo didático”.
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