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CULTURA É AQUILO QUE TE TRANSFORMA

Para os nascidos no signo de Escorpião como eu, ou não, segue esse texto maravilhoso do Sílvio Rodrigo para que vocês aprendam conosco alg...

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Não é de nenhuma curiosidade histórica que há de ser discorrida, mas uma reflexão e análise comparativa acerca dos pressupostos teóricos do processo de ensino/aprendizagem, que sempre se faz presente e necessária na vida de todo e qualquer educador que não pode ser delegada, uma vez que a reflexão geradora da mudança depende mais do homem do que do cidadão.

Esta ferramenta parte da iniciativa de tornar pública e de fácil acesso as atividades desenvolvidas na disciplina de estágio em língua inglesa I – observação- ministrada pela professora Gina Teixeira da faculdade Jorge Amado campus Comércio.

Eu, Calisto Ribeiro dos Santos, 18 anos, professor e escritor baiano, aluno do curso de letras vernáculas com inglês da UNIJORGE, tenho encontro marcado com todos os leitores assíduos do site todas as segundas-feiras, postagem semanal, a fim de compartilhar as experiências de um aspirante a professor de língua inglesa nas escolas públicas de Salvador.

Antes de falarmos necessariamente sobre a escola do meu estágio, vamos teorizá-lo! A seguir teremos uma reflexão dos conceitos de ensino e aprendizagem, além das hipóteses levantadas pelos linguistas e pedagogos sobre aquisição, desenvolvimento e ensino de línguas (tanto materna quanto estrangeira); far-se-á então um afunilamento dos assuntos partindo de teorias transversais sobre aquisição, desenvolvimento e ensino de línguas para que depois possamos adentrar somente na prática de língua estrangeira no Brasil mais precisamente sobre os fatores internos e externos do processo de aprender e ensinar línguas estrangeiras. Boa Leitura e até a próxima segunda-feira dia 29/10/2012.

Quem quiser entrar em contato, compareça no lançamento do meu primeiro livro LEITE & MEL na faculdade JORGE AMADO - PARALELA às 19 horas na SALA 4003, no próximo DIA 30! Segue abaixo a capa da obra em questão que será vendida pelo preço de R$ 20,00.

Abordagem Tradicional



Conhecida também por “pedagogia da transmissão”, esta abordagem caracteriza-se pelo caráter sacramental e imanente da praxe docente desenvolvida em sala de aula na qual o professor tende a ser o detentor do conhecimento por considerar os estudantes uma távola rasa, um simples depositário dos conhecimentos adquiridos e transmitidos pelo professor.

A principal característica, hoje bastante criticada, mas ainda assim adotada pela maioria dos professores é a imanência; ou seja, a maneira pela qual os assuntos são trabalhados em sala não tem aplicabilidade em outros ambientes de aprendizagem, impossibilitando uma fácil assimilação dos assuntos com os contextos comunicativos fora da sala de aula.

Por conseguinte, como define Saviani (1949, p.9): “A escola surge como um antídoto à ignorância, logo, um instrumento para equacionar o problema da marginalidade. Seu papel é difundir a instrução, transmitir os conhecimentos acumulados pela humanidade e sistematizados logicamente.”.

Ao imbuir esta abordagem em sua prática educativa, o professor estará compactuando para que os principais elementos que constituem os componentes do ensino/aprendizagem fiquem assim retratados:

A ESCOLA
Único lugar para a realização da educação.
Organizada por funções rígidas e claramente definidas.
Prepara os indivíduos para a sociedade.
O ALUNO
Ser “passivo” que deve assimilar os conteúdos transmitidos pelo professor.
Deve dominar o conteúdo cultural universal transmitido pela escola.
O PROFESSOR
É o transmissor dos conteúdos aos alunos.
Predomina como autoridade.
ENSINO E APRENDIZAGEM
Os objetivos educacionais obedecem à sequência lógica dos conteúdos.
Os conteúdos são baseados em documentos legais, selecionados a partir da cultura universal acumulada.
Predominam aulas expositivas, com exercícios de fixação, leitura-cópia.


Toda manifestação e concepção artística, filosófica e/ ou cultural passa por diversas mudanças ao longo da história do desenvolvimento humano por ser a mudança inerente à necessidade humana de modificar o ambiente a sua volta a fim de garantir sua sobrevivência e interação com semelhantes da sua espécie, com efeito, rupturas a paradigmas pré-estabelecidos, seculares e privilegiados são inevitáveis; o que não poderia deixar de ser com relação ao ensino e aprendizagem das línguas maternas e estrangeiras que surge a partir da abordagem tradicional inúmeras abordagens linguísticas (Estruturalismo, Gerativismo, Sociolinguística, Funcionalismo, Linguística Cognitiva, Linguística Textual), e teorias sobre a aquisição, processamento e ensino de línguas que serão contra e até mesmo a favor a “pedagogia da transmissão”. Que independente serem contra ou não a esta abordagem e sua consequente concepção e ensino, todas propõe uma reflexão crítica aos fundamentos de uma pedagogia subversiva e castradora.

Ver-se-á a partir de agora outras abordagens e a forma como elas retratam os componentes de aprendizagem.

Abordagem Comportamentalista
Nesta abordagem, semelhante a anterior, o educador deve enfatizar na transmissão do conhecimento; sendo que esta será operacionalizada pela “tecnologia educacional”. O enfoque mais uma vez não está no aluno que deveria ser o principal focus do processo.
É a partir desta abordagem que surge uma verdadeira “engenharia” comportamental em sala, pois se utilizará meios eletrônicos como lousas digitais em 3D, notebooks de última geração com acesso constante a internet, data-show e outros como aparato básico para uma educação de qualidade que será atingida a partir de uma moldagem comportamental do professor que deve utilizar estratégias de ação e recompensa por uma tarefa bem sucedida.
Nesta perspectiva, o ensino necessitará exclusivamente de tecnologias e as salas de aulas tornar-se-ão um verdadeiro laboratório de aplicação das teorias científicas sobre comportamento humano, para que a escola redija aos seus educadores manuais e tutoriais de comportamento, com instruções já programadas de como proceder em sala e as possíveis respostas dos alunos aos estímulos a ser realizados pelo professor. De tal forma que:
A ESCOLA
Agência educacional. Modelo empresarial aplicado à escola. Divisão entre planejamento (quem planeja) e execução (quem executa). No limite, a sociedade poderia existir sem escola. Uso da teleducação. Ensino à distância.
O ALUNO
Elemento para quem o material é preparado. O aluno eficiente e produtivo é o que lida “cientificamente” com os problemas da realidade.
O PROFESSOR
É o educador quem seleciona, organiza e aplica um conjunto de meios que garantam a eficiência e eficácia do ensino.
ENSINO E APRENDIZAGEM
Os objetivos educacionais são operacionalizados e categorizados a partir de classificações: gerais (educacionais) e específicos (instrumentais). Ênfase nos meios: recursos audiovisuais, instrução programada, tecnologias de ensino, ensino individualizado (módulos instrucionais), computadores, hardware, software. Os comportamentos desejados serão instalados e mantidos nos alunos por condicionantes e reforçadores.
 
Foi a partir da pedagogia liberal, em sua versão progressista, que esta abordagem começou a ser utilizada na qual é privilegiado o aspecto metodológico do ensino em detrimento dos conteúdos das matérias.
Em resposta a esta visão mecanicista sobre o ensino/aprendizagem próxima ao behaviorismo (veremos mais à frente) pedagogos como Hetkowski e Lima Júnior discutem de que forma a técnica e a tecnologia contribuem na consolidação de uma sociedade mais justa e igualitária, além da desconstrução que o senso comum tem de tecnologia em sala de aula ao tecer críticas indiretas a esta abordagem.
Em seu artigo “Educação e Contemporaneidade: por uma abordagem histórico-antropológica da tecnologia e da práxis humana” Hetkowski e Lima Júnior afirmam que a fim de estabelecer uma sociedade mais uniforme em seus direitos e deveres, a técnica e suas tecnologias devem ser compreendidas como sendo um processo de criação e transformação do homem e do seu contexto local. Pois, a realidade atual é tão complexa e heterogênea que as práticas de ensino devem passar por um redimensionamento consoante à situação do contexto sociocultural.
Oriunda do vocábulo grego τεχνική, a técnica e suas tecnologias estão intrínsecas no desenvolvimento sociocultural humano e deve ser compreendida como um processo criativo de ensino-aprendizagem. Novas formas de aprender e se ensinar.
Não são necessariamente os aparatos tecnológicos que irão fazer a diferença no ensino, contribuem bastante, mas quem terá acesso a uma escola semelhante a um laboratório de ficção-científica? e o caráter pesquisador que todo professor deveria exercitar, ou seja, ter tecnologia em sala não é sinônimo de lousas digitais em 3D, notebooks de última geração com acesso constante a internet e etc., mas a maneira pela qual você viabiliza este conhecimento a fim de transformar a realidade sociocultural do alunado.

ABORDAGEM HUMANISTA

O enfoque agora é o sujeito fruto da relação interacionista sujeito-objeto. Nesta perspectiva o professor perde o halo o endeusamento que lhe garantia a detenção do saber quase divino sobre tudo, e passa a ser um facilitador da aprendizagem.
Toda ação gera uma reação, assim sendo, a mudança de professor detentor do saber para facilitador do acesso ao conhecimento, implica em uma nova perspectiva sobre o conhecimento, e uma prima maior pelo aluno que será, em grande parte, responsável pela aquisição e desenvolvimento do conhecimento adquirido pela própria motivação (fator interno da aprendizagem) e o professor somente direcionaria o potencial do aluno para algo que lhe fosse produtivo, pois a relação facilitador-aluno seria interpessoal a fim de o professor melhor identifique quais as amarras que o aluno de crescer como indivíduo. Ou seja, segundo Saviani (1984):

O professor agiria como um estimulador e orientador da aprendizagem, cuja iniciativa principal caberia aos próprios alunos. Tal aprendizagem seria uma decorrência espontânea do ambiente estimulante e da relação viva que estabeleceria entre estes e o professor.
Por conta desta abordagem faz-se necessária uma reflexão sobre as características da aprendizagem, quais os fatores motivacionais que a abordagem tanto fala e como se caracteriza o processo da aprendizagem enquanto resultado de uma reflexão crítica sobre os fundamentos subversivos da pedagogia atual que são:

1. Processo Dinâmico:
O processo dinâmico da aprendizagem se caracteriza pela motivação interna do aluno, que depende mais do individuo que do cidadão.
- Processo de participação: físico, intelectual, emocional e social.
- A aprendizagem não depende somente do conteúdo e do professor, mas da reação dos alunos com o ambiente social da escola. Na qual se eleva uma questão:
De que forma o processo físico, intelectual, emocional e social interferem na aprendizagem do aluno.
2. Processo contínuo:
Neste processo observa-se que a aprendizagem não se reduz só ao acadêmico, mas também a um contexto de vida do indivíduo que deve ser abarcado dentro da perspectiva humanista da aprendizagem.
3. Processo global ou Compósito:
Se o fenômeno da aprendizagem envolve uma mudança de comportamento e o comportamento é fruto da personalidade, então se deve equilibrar todos os aspectos constitutivos do ato de aprender.

4. Processo pessoal:
A nova configuração da escola moderna que se concentra na aprendizagem do aluno de uma forma singular e não uniforme.

5. Processo gradativo:
Como o próprio nome já sugere, é do simples ao complexo. O conhecimento é adquirido de forma seriada e fragmentada aumentando à complexidade consoante a maturação do aluno, mas dentro de um cronograma.
Observa-se então que, o processo de aprendizagem é ativo, uma vez que a aprendizagem é a soma de vários fatores dentre eles o físico, intelectual dentre outros, que representam uma nova perspectiva sobre a aprendizagem na qual o aluno passa de objeto a sujeito da sua própria aprendizagem. Como podemos ver na tabela abaixo:





A ESCOLA
Escola proclamada para todos. “Democrática”. Afrouxamento das normas disciplinares. Deve oferecer condições ao desenvolvimento e autonomia do aluno.
O ALUNO
Um ser “ativo”, centro do processo de ensino e aprendizagem. Aluno criativo, que “aprendeu a aprender”, aluno participativo.
O PROFESSOR
É facilitador da aprendizagem.
ENSINO E APRENDIZAGEM
Os objetivos educacionais obedecem ao desenvolvimento psicológico do aluno. Os conteúdos programáticos são selecionados a partir dos interesses dos alunos. Não há diretividade, a avaliação valoriza aspectos afetivos (atitudes) com ênfase na auto-avaliação.
ABORDAGEM COGNITIVISTA
Esta abordagem fixa-se nos “processos centrais” do indivíduo, tais como estilos de pensamento, estilos de comportamento, e de como a informação é processada e organizada em conhecimento.
Seu principal representante é o filósofo e biólogo suíço Jean Piaget, como efeito, esta abordagem também é comumente chamada de piagetiana devido a sua grande difusão e influência na pedagogia contemporânea.
No cognitivismo construtivista a linguagem é uma mera consequência da construção da inteligência, pois as estruturas do conhecimento ou cognitivas são feitas a partir da interação do ambiente com o organismo.
Ou seja, quanto mais desafiador e provocativo o ambiente for, mais estruturas cognitivas vão ser estabelecidas no indivíduo, por conseguinte o professor tende a propiciar atividades que desafiem a lógica do aluno para desestabilizá-lo. A interação com os outros indivíduos somente será estabelecida depois que a criança controlar seu comportamento e o ambiente, pois a interação com outras pessoas será parte do processo de internalização. Como muito bem define Saviani (1984, p.11-5):
Essa maneira de entender a educação, por referência à pedagogia tradicional tenha deslocado o eixo da questão pedagógica do intelecto para o sentimento: do aspecto lógico para o psicológico;... De uma pedagogia de inspiração filosófica centrada na ciência da lógica para uma pedagogia de inspiração experimental baseada principalmente nas contribuições da biologia e da psicologia. “Em suma, trata-se de uma teoria pedagógica que considera que o importante não é aprender, mas aprender a aprender”.
A ideia de aprender fazendo pode ser identificada nos componentes da aprendizagem na tabela abaixo:
A ESCOLA
Deve dar condições para que o aluno possa aprender por si mesmo. Deve oferecer liberdade de ação real e material. Deve reconhecer a prioridade psicológica da inteligência sobre a aprendizagem. Deve promover um ambiente desafiador favorável à motivação intrínseca do aluno.
O ALUNO
Papel essencialmente “ativo” de observar, experimentar, comparar, relacionar, analisar, justapor, compor, encaixar, levantar hipóteses, argumentar, e etc.
O PROFESSOR
Deve desenvolver a inteligência, considerando o sujeito inserido numa situação social.
ENSINO E APRENDIZAGEM
Deve desenvolver a inteligência, considerando o sujeito inserido numa situação social. A inteligência constrói-se a partir da troca do organismo com o meio, por meio das ações do indivíduo. “Baseados no ensaio e no erro, na pesquisa, na investigação, na solução de problemas, facilitando o ‘aprender a pensar’”. Ênfase nos trabalhos em equipe e jogos.
ABORDAGEM SOCIOCULTURAL
Originada a partir dos trabalhos de Paulo Freire acerca dos movimentos de cultura popular, e ênfase na alfabetização para adultos ou letramento crítico. Nesta abordagem os ambientes de aprendizagem são múltiplos e tão significativos para a construção cognitiva do indivíduo e sua visão de mundo quanto um ambiente formal de aprendizagem.
Deferentemente da abordagem anterior, esta se refere muito mais a uma abordagem interacionista do que cognitivista. Se ampliarmos a limitada concepção tradicional e do senso comum de que só há aprendizagem na escola, ampliar-se-á também as portas para a inserção ou valorização das diversidades linguísticas e étnicas do Brasil, que o torna tão singular.
O domínio social é o espaço físico onde as pessoas interagem assumindo certos papeis sociais, que são construídos no próprio processo de interação humana, pois formam um conjunto de obrigações e de direitos definidos por normas socioculturais. Com efeito, quando usamos a linguagem para nos comunicar, também estamos construindo e reforçando os papeis sociais próprios de cada domínio.
Essa pluralidade típica de cada domínio é extremamente importante para a distinção de cada indivíduo dentro de uma sociedade; dessa forma surgem as hierarquias em que todos os indivíduos aprendem ao serem inseridos dentro de uma sociedade. O aspecto formal da aprendizagem não é o único, não pode ser considerado isoladamente e tampouco priorizado. Como afirma Saviani:
As teorias são críticas, uma vez que postulam não ser possível compreender a educação senão a partir dos seus condicionantes sociais. Há, pois, nessas teorias uma cabal percepção da dependência da educação em relação à sociedade. Entre, como as análises que desenvolvem chegam invariavelmente à conclusão de que a função da educação consiste na reprodução da sociedade em que ela se insere, bem merecem a denominação de “‘teorias crítico-reprodutivas’”.
Também é importante a concepção dialógica da linguagem que deve ser empregada em sala por possibilitar uma maior interação, pois quando nos relacionamos dividimos também o nosso mundo. Nesta concepção bakhtiniana não há relação sujeito-objeto, por considerar tanto o interlocutor quanto receptor são considerados sujeitos, pois todos exercem poder ainda que em uma dimensão diferenciada, seja em casa, na escola ou na sociedade como um todo, em uma esfera de micro e macro poder. Como pode ser explicitado na tabela abaixo:
A ESCOLA
Deve ser organizada e estar funcionando bem para propiciar os meios para que a educação se processe em seus múltiplos aspectos.
O ALUNO
Uma pessoa concreta, objetiva, que determina e é determinada pelo social, político, econômico, individual (pela história). Deve ser capaz de operar conscientemente mudanças na realidade.
O PROFESSOR
É o educador que direciona e conduz o processo de ensino e aprendizagem. A relação entre professor e aluno deve ser horizontal, ambos se relacionam se posicionando como sujeitos do ato de conhecimento.
ENSINO E APRENDIZAGEM
Os objetivos educacionais a partir das necessidades concretas do contexto histórico- social no qual se encontram os sujeitos. Busca uma consciência crítica. O diálogo e os grupos de discussão são fundamentais para o aprendizado. Os temas sempre transversais para que o ensino seja extraído da prática de vida dos educandos.
Em resumo:
ABORDAGENS DE ENSINO/APRENDIZAGEM
PRIMA DO OBJETO
PRIMA DO SUJEITO
PRIMA DO SUJEITO-OBJETO
ABORDAGEM TRADICIONAL
X
ABORDAGEM COMPORTAMENTALISTA
X
ABORDAGEM HUMANISTA
X
ABORDAGEM COGNITIVISTA
X
ABORDAGEM SOCIOCULTUAL
X
Como se pode observar, a formação do professor assim como o papel da pesquisa em sala de aula são ferramentas imprescindíveis para que o educador se atualize acerca das diversas modificações dos pressupostos teóricos sobre a aprendizagem; outra verdade mais do que axiomática é que cada abordagem acarreta em uma concepção de ensino/aprendizagem a qual o professor deve sempre se preocupar sobre a concepção de ensino-aprendizagem e de língua que subjaz em sua prática rotineira em sala. Pois, esta análise comparativa dos componentes da aprendizagem de cada abordagem revela-nos uma reflexão crítica e sempre atual dos fundamentos da pedagogia.
Faz-se também necessário ressaltar as tabelas aqui presentes, assim como a proposta desta reflexão parte do minucioso trabalho de Roberto Vatan dos Santos, pós-doutorado em contabilidade na University of Ilinois at Urbana-Champain, EUA; Doutor e mestre em Ciências Contábeis pela FEA-USP.
A partir de agora daremos maior ênfase às hipóteses do inatismo dentre elas o Gerativismo, que é bastante estudado nos cursos de letras e o interacionismo, a fim de tentar responder, a luz destas duas correntes opostas, o papel do adulto na aprendizagem de línguas pelas crianças.

HIPÓTESE BEHAVIORISTA

O estruturalismo norte-americano ou distribucionalismo é representado pelas premissas propostas por Leonard Bloomfield se tornando a mais influente e fundamentada teoria sobre a aquisição da linguagem até a metade do século XX em 1950, que buscava na psicologia behaviorista a explicação para a aprendizagem das línguas.
O objetivo da teoria formulada por Bloomfield era de desenvolver um método analítico e descritivo apropriado ao estudo sincrônico de qualquer língua, reduzindo a sua estrutura morfológica e sintática em seus elementos constituintes.
Para que possamos estudar uma língua o linguista respaldado no distribucionalismo deve defender a ideia de que todas as línguas são divididas em três partes: sintático, morfológico e fonológico, que obedecem a uma linearidade de agrupamento que oscila do mais simples ao mais complexo, e cabe ao linguista competente, quando este analisar uma língua, obedecer este princípio para decompor qualquer estrutura frasal até seu morfema, unidade mínima indivisível. Fazendo-se necessária a elaboração de um corpus, para que se possa na prática, o funcionamento dessas estruturas.
A proposta de analisar qualquer língua humana ao considerá-la como um conjunto divisível apoia-se na ideia behaviorista de que o homem não era um indicador, mas o próprio objeto de estudo da psicologia e sendo a fala como efeito do pensamento humano, esta torna-se puramente previsível assim como sua estrutura linguística.
Na análise de constituintes imediatos a frase é vista sob um ponto de vista imanente, puramente analítico e mecanicista. A frase é vista como uma unidade máxima analisável, na qual se emprega métodos de redução para decompô-la em seus constituintes a fim de entender o seu funcionamento.
As formulações propostas por Bloomfield sob a inspiração do behaviorismo representaram nos estudos linguísticos desenvolvidos nos EUA durante as primeiras décadas do século passado uma oposição às ideias mentalistas na qual a fala deveria ser explicada como um efeito do pensamento do sujeito falante.
Ao lado de Bloomfield, Edward Sapir é apontado como um autor clássico da linguística norte-americana do início do século XX. Entretanto, os estudos Sapir romperam os limites do estruturalismo saussuriano devido ao enfoque antropológico e etnólogo, a fim de reconstruir as estruturas linguísticas consideradas resultantes do contexto social e cultural.
A repetição das respostas associadas a estímulos serviu durante muitos anos como o método imprescindível para o ensino de língua estrangeira e materna, pois segundo esta teoria todo conhecimento é oriundo da experiência de vida do indivíduo, sobretudo o linguístico. A aprendizagem linguística se dá por: estímulo – resposta – reforço. Ou seja, é moldagem comportamental semelhante ao adestramento de animais usados durante a segunda guerra mundial como, por exemplo, o sistema do pombo-correio americano. Vejamos na prática como Bloomfield (1933: 29-30) descrevia pela visão comportamentalista da linguagem a aquisição das línguas:
Cada criança que nasce num grupo social adquire hábitos de fala e de respostas nos primeiros anos de sua via... Sob estimulação variada, a criança repete sons vocais. (...) Alguém, por exemplo, a mãe, produz, na presença da criança, um som que se assemelha a uma das sílabas do balbucio. Por exemplo, ela diz doll (boneca). Quando esses sons chegam aos ouvidos da criança, seu hábito entra em jogo e ela produz a sílaba de balbucio mais próxima. Dizemos que nesse momento a criança começa a imitar. (...) A visão e o manuseio da boneca e audição e a produção da palavra doll ocorrem repetidas vezes em conjunto, até que a criança forma um hábito. (...) Ela tem agora o uso de uma palavra.
Este ponto de vista tão simplista para explicar usado para explicar um processo tão complexo que é a aquisição da linguagem ou de uma língua estrangeira, levou a uma série de estudiosos inconformados com a falta de respostas para perguntas que o Estruturalismo com base no Behaviorismo não conseguia responder como a formulação e o entendimento de palavras nunca antes ditas, como as crianças conseguem falar tão cedo e tão rapidamente se, de acordo com esta teoria, o conhecimento é proporcional à experiência? Por essas e outras surge o Gerativismo que se encontra no ramo das hipóteses inatistas sobre a linguagem.

HIPÓTESE DO INATISMO

A linguística gerativista, teoria formulada acerca de 50 por Noam Chomsky, foi formulada como crítica ao modelo behaviorista dominante no ramo linguístico até metade do século XX. Chomsky apresentou diversas críticas sobre o Comportamento Verbal livro escrito por Skinner principal teórico behaviorista dentre as quais a visão mecanicista que assim como um animal a linguagem humana dependia única e exclusivamente de estímulos.
O objetivo central do modelo teórico formal gerativista era a elaboração de um paradigma teórico capaz de explicar e pormenorizar o processo abstrato de aquisição das línguas naturais. Doravante a necessidade, esta teoria da linguagem explicita a premissa de que a linguagem humana, a capacidade única e exclusiva do homem de se comunicar exclusivamente por meio de línguas, nos é herdada biologicamente de uma forma inata, através de um conjunto de órgãos ou um órgão específico, que nos possibilita a aquisição de todas e quaisquer línguas por via de um dispositivo de aquisição da linguagem.
Por ser inatista (no sentido de ser tácito no desenvolvimento humano adquirir a capacidade de comunicação), a aquisição da linguagem defendida por Chomsky é de ponto de vista puramente imanente, pois uma vez que ele privilegia o fator biológico como atuante e efetivo para a aquisição das línguas naturais por meio da GU (Gramática Universal), um dos constituintes da faculdade da linguagem, ele desfavorece a relevância do meio sociocultural do falante.
Segundo Chomsky o comportamento linguístico do indivíduo deve ser compreendido fundamentalmente pelo seu caráter criativo, pois em contraponto aos behavioristas dentre eles Skinner e Bloomfield, pode-se afirmar a ideia de que eles, ainda que inconscientemente, aproximavam a linguagem humana da animal, uma vez que a primeira para eles depende exclusivamente dos repetitivos e previsíveis comportamentos humanos e sendo a linguagem um fruto social está estaria fadada a responder somente a estímulos para se manifestar assim como qualquer outro animal.
HIPÓTESE COGNITIVISTA
Esta hipótese nada mais é do que o ponto de entrecruzamento, confluências das teorias de base social, cognitiva e interacional a fim de explicar que existe uma intenção linguística do falante em seu ato de fala e a criança quando começa a entendê-lo põe-se a falar em balbucio e depois para algo mais concreto e próximo da fala rotineira.
Esta teoria enfoca no aprendizado cultural, a cultura como meio de socializar as habilidades humanas e ensiná-las a fim de prolongar a existência de um grupo específico e da espécie como um todo como, por exemplo: a agricultura, o domínio do fogo, medicina e etc.
No que se refere à aquisição da linguagem, esta teria uma intenção comunicativa, pois segundo o russo Mikaih Bakhtin (1998, p. 329): “Se tomarmos o texto no sentido amplo de conjunto coerente de signos, então também as ciências da arte (a musicologia, a teoria e a história das artes plástica) se relacionam como textos”. Assim sendo passível de leitura e interpretação de seus significados que as crianças por volta dos nove meses já fazem na medida em que começa a interagir com adultos imitando-lhes os gestos, a fala sendo o adulto um referencial ou um formato para a aquisição da linguagem.
Por ser uma hipótese de cunho funcionalista ela propõe que a análise das línguas seja feita em seu uso real e concreto considerando o contexto comunicativo e a linguagem de uso pertinente a cada contexto.
Estruturalismo e Gerativismo focalizam os aspectos estruturais ou formais das sentenças sem levar em conta os fenômenos interacionais. – ponto de vista mecanicista e imanente, pois para o Funcionalismo o que motiva as estruturas sintáticas é o contexto real de fala ou escrita, ou seja, analisa a língua em seu uso discursivo dentro de um contexto.
Todas as abordagens e hipóteses levantadas assim como as características da aprendizagem devem ser compreendidas não como conhecimentos modulares independentes, mas como um diassistema (sistema dentro de outro sistema) de contínua renovação, na qual todo conhecimento é interligado ao se entrecruzarem. Toda essa discussão nos leva a um assunto imprescindível que é as concepções de linguagem e seus desdobramentos em sala.
A LINGUAGEM É A EXPRESSÃO DO PENSAMENTO:
* Primeira concepção de linguagem advinda da Grécia na qual se privilegia o modelo ideal de língua e não o real. Consequentemente, quem não se expressa bem é um bárbaro que não pensa direito.
* Origem do preconceito linguístico ao falante que adota uma variante que não seja a privilegiada pela gramática normativa ou ensino de qualidade, quase sempre acessível somente à classe alta, dominante.
Franchi (1991:48) defende a ideia de que a gramática normativa é: “o conjunto sistemático de regras para bem falar e escrever, estabelecidas pelos especialistas, com base no uso da língua consagrada pelos escritores cânones da literatura.”.
A LINGUAGEM É INSTRUMENTO DE COMUNICAÇÃO:
* Concepção dialógica da linguagem, na qual a interação é realizada por sujeitos que compartilham conhecimentos e visões de mundo.
* A linguagem como transmissora (não mais o indivíduo como transmissor) de informações.
* As regras ainda continuam, mas de maneira implícita; negligenciam a variação linguística.
A LINGUAGEM É A FORMA OU UM PROCESSO DE INTERAÇÃO:
* Comunicação entre sujeitos. Tanto o receptor quanto o transmissor interagem com a linguagem.
Independente da língua em que se ensino o trabalho pedagógico no ensino de línguas vem se processando na escola ao longo dos anos e qual a concepção de linguagem que se encontra implícita nessa prática? Conforme afirma Suassuna (1995): “a questão não é se produzir textos, motivar, fazer debates... etc. Ainda são práticas viáveis; o que importa é a concepção de língua que subjaz essas práticas.
O projeto didático somente é possível quando se une teorias a pratica docente. Não há prática sem teoria, e teoria sem prática. Conforme afirma Silva (1986:22): “teoria e prática, portanto, estão intimamente relacionadas e configuram-se na viabilidade do processo didático”.


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