Brasil: Singular e Plural
AULA DE PORTUGUÊS
A linguagem
na ponta da língua
tão fácil de falar
e de entender.
A linguagem
na superfície estrelada de letras,
sabe lá o que ela quer dizer?
Professor Carlos Góis, ele é quem sabe,
e vai desmatando
o amazonas de minha ignorância.
Figuras de gramática, equipáticas,
atropelam-me, aturdem-me, sequestram-me.
Já esquecia língua em que comia,
em que pedia para ir lá fora,
em que levava e dava pontapé,
a língua, breve língua entrecortada
do namoro com a prima.
O português são dois; o outro, mistério.
na ponta da língua
tão fácil de falar
e de entender.
A linguagem
na superfície estrelada de letras,
sabe lá o que ela quer dizer?
Professor Carlos Góis, ele é quem sabe,
e vai desmatando
o amazonas de minha ignorância.
Figuras de gramática, equipáticas,
atropelam-me, aturdem-me, sequestram-me.
Já esquecia língua em que comia,
em que pedia para ir lá fora,
em que levava e dava pontapé,
a língua, breve língua entrecortada
do namoro com a prima.
O português são dois; o outro, mistério.
É com esse
poema do célebre poeta Carlos Drummond de Andrade que hoje começo uma discussão
que reflete sobre uma realidade reflexo de estigmas sociais e políticos muitas
vezes motivados por puro Preconceito Linguístico!
Em meio aos
modelos da pedagogia atual, dos educadores e dos comandos paragramaticais,
resolvi propor uma reflexão crítica às abordagens e métodos pedagógicos
utilizados em sala de aula no ensino da língua materna, que muitas vezes
menospreza e inibe a atuação linguística real do falante em seu livre exercício
de oralidade, por rotulá-la como errada, tosca e caipira, dentre outros
adjetivos pejorativos.
Antes uma
livre expressão do pensamento marcada por escolhas ocasionais de uso pessoal, a
fala é o reflexo do processo de seleção e hierarquização social. E devido ao
surpreendente avanço tecnológico e científico, só se pode conceber o aluno
dominante e/ou mais próximo do seu contexto identitário, o que resulta num
processo de aprendizagem real e compreensão do seu próprio tempo, a fim de
valorizar a pluralidade verbal do patrimônio sociocultural do Brasil.
Mesmo com o
avanço que ocorreu na qualidade dos livros didáticos, depois do surgimento da
PNLD e LD, existe ainda um grande equívoco por parte dos autores que os
produzem, pois, abordam de forma preconceituosa a variação linguística.
Nesses
livros encontramos a apresentação da variação regional como uma característica
exclusiva dos falantes rurais, analfabetos e pobres. Com essa postura, eles
colocam no âmbito de estigma e variedade linguística, esquecendo-se das
variedades urbanas, pelo prestígio que é dado ao falante deste meio, visto
também como o mais letrado, devido a hegemonia política e econômica do meio
urbano em relação ao rural e que merece uma reflexão no conteúdo gramatical, o
qual é tratado com absoluto descaso e ignorância de complexidade.
A
heterogeneidade linguística ocorre em qualquer classe social ou étnica da sociedade,
contendo vasta explicação para a ocorrências desses fenômenos. A fim de
entender um pouco mais sobre a língua portuguesa como nossa língua materna, ou
seja, identificar as principais características sociolinguísticas da sociedade
brasileira, suas implicações para a educação e para ajudar nossos alunos a
melhorar seu desempenho comunicativo, é importante trabalhar em sala de aula
textos que apresentem variações linguísticas, demonstrando por meio de exemplos
e interpretações as peculiaridades da nossa língua.
Os textos
que apresentam variação são recheados de palavras que não são do nosso
repertório linguístico, como também palavras que já conhecemos em nosso
arcabouço variado de palavras. Carmo Bernardes foi um grande escritor
regionalista, nascido em Patos de Minas, no ano de 1915 e já falecido. Seu nome
geralmente é associado ao movimento literário regionalista goiano. Sua produção
reflete com fidelidade e clareza a riqueza da cultura rural da região onde
nasceu e viveu.
Ao ler
determinadas produções, podem-se encontrar palavras desconhecidas como típicas
da cultura rural das regiões. Outras além de pertencerem ao léxico regional
também podem apresentar-se arcaicas, já não são usados com certa frequência,
tendo sido preservadas nas culturas de grupos sociais mais isolados, como é o
caso das comunidades rurais. Encontramos também, expressões que são mais comuns
na língua oral do que na língua escrita, ou ainda palavras que caracterizam
diferentes grupos sociais, como faixa etária, sexo/gênero, grupos
profissionais, entre outros.
Ao trabalharmos
com esses textos, reconhecemos de imediato nossas diferenças, aspectos bem
visíveis, e aprendemos a interagir com outras culturas, sabendo respeitá-las,
porque todos nós brasileiros, temos nossas particularidades, que adjetiva nosso
país em belo por sua riqueza cultural.
As
diversidades linguísticas constituem uma concepção formada dentro do seio
materno e paterno e que ao longo do tempo são estendidas para os demais
familiares, que exercem papeis sociais fundamentais como: mãe, pai, filho, avô,
avó, tio, etc. O domínio social é o espaço físico onde as pessoas interagem
assumindo certos papeis sócias, que são construídos no próprio processo da
interação humanam pois foram um conjunto de obrigações e de direitos definidos
por normas socioculturais. Com efeito, quando usamos a linguagem para nos
comunicarmos, também estamos construindo e reforçando os papeis sociais
próprios de cada domínio.
Essa diversidade linguística é extremamente
importante para a distinção do papel de cada indivíduo dentro de uma sociedade;
dessa forma surge a hierarquia em que todos os seres humanos aprendem ao serem
inseridos dentro de uma sociedade.
Resumindo a história:
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