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Para os nascidos no signo de Escorpião como eu, ou não, segue esse texto maravilhoso do Sílvio Rodrigo para que vocês aprendam conosco alg...

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QUADRO NEGRO: ESPAÇO... RESISTÊNCIA ... POESIA... NEGRITUDE



 ESPAÇO... RESISTÊNCIA ... NEGRITUDE

Existe uma voz coletiva organizada que luta pela reivindicação de um espaço que por muito tempo foi negado. É o movimento da negritude na Bahia pulsando, sobrevivendo, e afirmando, por meio da arte, a identidade da cultura negra.



QUADRO NEGRO

Acordei de um lindo sonho
 E a intensa luz quase me cega,
É preciso revelar o que se nega.

Se a vida é uma escola,
E cada escola tem se quadro,
O meu negro, tem o formato quadrado,
Nele reescrevo minha história,
Eu faço meu diário.
MAS NA MINHA LISTA NEGRA SÓ TEM REVOLUCIONÁRIOS!

Marias guerreiras das periferias vocês tem que ver as guerras do passado,
E as atuais do MST, homossexuais que resistem com dignidade,
Crioulos e indígenas que adentram as faculdades.

Se o escuro é feio,
Minha poesia imunda
Das nuvens mais negras
Cai água límpida e fecunda.

E por falar em água me vem na lembrança
É que o quadro negro,
 Na verdade,
Tem a cor da esperança!

Então que caiam temporais sem pedir licença,
QUE FAÇAM DESAGUAR ESSAS VELHAS CRENÇAS,
Visões estúpidas espalhadas pelo mundo
Que associou a cor preta
A tudo que é imundo!

O negro discrimina o próprio negro, SIM!
Se aquele que você aponta como negro não se vê assim,
Se cresceu aprendendo que ser negro
 É feio, tudo de ruim,
QUEM QUER ANDAR NO MEIO?

QUEM ESCREVEU A HISTÓRIA DO NEGRO NESSE PAÍS?
Basta ver a cor do giz.

Os reis e os faraós do Egito hoje mumificados,
Se tirassem suas faixas e pudessem ser ressuscitados
Você! Saberia dizer a cor deles sem engano?
Quer uma pista:
EGITO É UM PAÍS AFRICANO

O QUE ADIANTA SABER QUE NÃO EXISTE ERRADO,
 Se o conceito predomina e representa ameaça,
O hip-hop não nega sua mensagem,
Porém sabe que ela não trouxe igualdade pra ninguém!

TÁ VENDO O QUE A HERANÇA RACISTA NOS OFERECEU?
Se existisse escravidão antes dos europeus,
ERA DIFERENTE
NÃO FOI COMO CIVIL, NÃO TINHA CARÁTER MERCANTIL!

As tribos guerreavam, o grupo vencedor assume rendição,
Por questão de honra, de costume.

Se existe uma cor para o pecado
Ela chegou de mansinho...
Espalhando ambição e discórdia pelo caminho.

Nos mataram, nos escravizaram e depois disseram com toda calma:
É INFERIOR, PODE ESCRAVIZAR, NÃO TEM ALMA!

     A cor da paz cometeu holocausto aos judeus,
Barbáries na inquisição em nome de Deus,
E nas Américas os índios foram dizimados,
MAS OS QUE SOBREVIVERAM ESTÃO FORMANDO UM NOVO QUADRO.

     Esse trabalho foi realizado no Núcleo de pós-graduação em Estudos Culturais do Centro Universitário Jorge Amado e desenvolvido por Calisto Ribeiro, Elmo Alves, Márcia do Amparo, Maurício Souza e Simone Reis. Espero que apreciem com o mesmo amor e carinho em que foi pensado.

     Essa é a primeira vez que faço uma postagem sobre minha amada e idolatrada cidade de Salvador, e nada mais justo do que aproveitar esse espaço para fazer justiça e possibilitar outras nuances sobre a nossa capital, cuja história se confunde com a formação do Brasil que rapidamente se mescla a formação cultural do povo afro-brasileiro muitas vezes silenciados por falta de uma significativa e positiva representação social que os enalteça!

      Portanto, vocês verão outros espaços culturais e literários da periferia da cidade de Salvador. Para isto foram escolhidos o Sarau da Onça no bairro da Sussuarana, o Sarau da Chácara no bairro do Santo Antônio Além do Carmo.Ou seja, lugares/ discursos divergentes do comumente aceito como padrão. Por tanto segue abaixo um mapa para melhor averiguação dos saraus ocorrentes na cidade, mas que não figuram nos espaços legitimados pela burguesia soteropolitana que é um dos reflexos da lógica usada  na construção da nossa memória cultural, exclusão.



Sarau significa uma reunião de pessoas amantes das letras, para recitação e audição de trabalhos em prosa ou verso junto com música, que pode ser realizado em casa, clube e teatro. Já em Salvador, por possuir a maior parcela populacional negra do país, e por esta ser um grupo étnico historicamente rebaixado, os saraus soteropolitanos ganham contornos de guerrilha. Estes espaços são utilizados como instrumentos que discutem o papel do negro na sociedade e outras importantes questões sociais e culturais com o objetivo de sensibilizar a população e o poder público para a resolução de dilemas. Ao reunir em um só espaço a resistência da cultura negra com voz de poetas desconhecidos, ou melhor, não contemplados no panorama cultural, nos cânones literários.
Por conseguinte, é possível afirmar que o sarau é uma heterotopia se associado à ideia de resistência, não somente da negritude, mas de uma parte da realidade que está sendo ignorada. Que levam à negligência as realidades existentes naquele local que diferem do discurso oficial. Neste sentido, Kárpio M. de Siqueira corrobora esse mesmo pensamento quando afirma que:

Na literatura documental a hegemonia identitária dos colonizadores sempre incitou, de maneira maciça, a ausência do outro, o habitante natural ou o imigrante escravizado. Esse movimento de construção ideológica traduziu um esvaziamento, ao longo da história dos países colonizados, de alicerces culturais genuinamente nacionais, implicando a negação do índio, do negro, da cultura outra, do não cristianismo, entre outros movimentos étnicos - culturais que não representassem a esfera cultural dos colonizadores.(2013, p.2)

Na pesquisa de campo proposta, foram visitados dois saraus que são realizados em bairros marcados pelos altos índices de criminalidade e violência. Neles, encontramos uma releitura do conceito de sarau literário. A escolha dos saraus se deu pelo fato de serem em lugares historicamente rebaixados e desvalorizados pela história oficial da capital baiana, ou seja, são outras vozes, outros espaços, heterotopias que divergem do panorama cultural e da memória oficial. 

REPETECO ANACRÔNICO: O PORQUÊ DAS COISAS SEREM COMO SÃO.

A historiografia brasileira tem como marco oficial o surgimento do IGHB – Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (entre 1838/39) – com o objetivo primordial de criar uma história que legitimasse o poder do imperador, objetivando a construção de uma identidade nacional.
Nesse contexto encontramos Von Martins, um biólogo que muito escreveu sobre como deveria ser feita a história do Brasil ao destacar as particularidades físicas e morais que distinguiam as diversas raças. Em seus estudos afirmava que quanto mais “evoluída” fosse uma nação, maior seria a energia e o número de dignidade (conceituação do autor) no desenvolvimento da mesma. Assim sendo, o português, o mais enérgico, com maior dignidade, com garantias morais e físicas, seria o mais indicado à formação do reino independente, sendo o lusitano (caucasiano) o principal e o mais importante entre todas as raças formadoras do povo brasileiro.
O negro (etiópica) e o nativo (cor de bronze) tiveram uma participação ínfima nessa historiografia. Pois a atenção destinada à história indígena e a do negro reduz-se a pequenos que em nada condiz a real presença desses dois povos no Brasil, que teria um desenvolvimento diferente por conta do negro, não especificando se para melhor ou não. No entanto, Martins considera que ao se tratar do Brasil o historiador deve buscar uma unidade brasileira centralizada na figura do Imperador, objetivando também características regionais, pois segundo Varnhagen:
À diferença, ele deverá dar um tratamento comum. Como a extensão territorial dificulta essa unificação, ele propõe que se façam histórias regionais que garantam uma direção à centralização. Por exemplo: as histórias de São Paulo, Minas Gerais, Goiás são convergentes; as histórias do Maranhão, Pará, Amazonas também convergem; as histórias da Bahia, Pernambuco, Ceará convergem igualmente. (2003, p. 82)

A falta de uma originalidade histórica, o servilismo dos historiadores, a fuga da realidade e a adoção de modelos ao invés de uma reconstrução original da historiografia brasileira marcou o nosso passado, em que esquemas prontos como o positivismo e o evolucionismo eram mais cômodos na construção de um ideal de nacionalidade brasileira.
O ecletismo é adotado no Brasil como uma denominação de esclarecido, como um estado de espírito que era afirmativo, inicial e impetuoso, o que interessava a elite de meados do século XIX, mas não era crítico e especializado e não era negador, ainda assim “reunia todas as filosofias”, tendo grande receptividade na época.

Contudo, os nossos espaços são os que nos verdadeiramente representam, pois somos frutos de nossa história. Mesmo sendo a nossa verdade ocultada e substituída por versões politicamente e ideologicamente modificadas, para atender a uma elite, por meio de um discurso dominante que ofusca e faz-se calar às vozes que ecoam do povo negro, que traduzem a verdade de um grande grupo social esquecido e marginalizado. Omitindo outras fontes de saberes e de conhecimentos e de outros “olhares” por falta de uma significativa representação social e histórica.



Com efeito, observa-se que a democracia racial é um mito das relações sócio raciais, onde sua origem é inspirada na fábula da mistura das três raças. Este mito é aceito por uma grande parte da população, que reproduz no próprio cotidiano e numa série de discursos populares, uma falsa verdade da “cultura da miscigenação” e da “paz entre as raças”, pois é visivelmente perceptível, que essa igualdade não chega para o povo negro. Assim, a construção da consciência de cor e de imagem (como se vê) que se tem, não se desenvolvem juntas, tendo a assumir uma noção bastante impessoal da nossa própria negritude.
Mesmo com tantas pressões e expropriações, que este povo sofre e sofreu historicamente, percebe-se o espaço como resistência e de busca de uma forma de expressão, que permite a ele se identificar e buscar na sua verdadeira posição, como individuo no gozo de seus direitos e deveres. Estes os espaços explícitos  funcionam ao redor das atividades, consideradas típicas de um grupo ou movimento negro, onde o negro tenha vez e voz, capaz de manifestar abertamente características da própria personalidade e criação culturais, resgatando suas identidades e se afirmando como membro ativo da sociedade.
Nestes espaços se fala, abertamente, de negritude: é o negro quem manda e são os “não negros” que devem negociar essa sua participação. Nascendo nesses espaços, o desafio de pensar a cor, as relações sociais, o papel do povo negro na sociedade, a gênese e o cotidiano do racismo, no âmbito de uma nova situação, existindo a partir disso, o desenvolvimento de uma nova identidade negra e um orgulho de ser negro, não mais de uma forma contrastiva, além de uma profunda percepção do racismo e da discriminação racial.
Nasce desses espaços um movimento de busca e de valorização da identidade negra e de toda a sua contribuição, que foi historicamente negada: a contribuição do negro na cultura, na ciência e nas artes como um todo, para a formação da identidade brasileira. Os espaços, ou como afirma Foucault (1994), outros espaços, são os espaços de resistências e de afirmação da identidade negra que reivindica reconhecimento e respeito.

O TEXTO EM SEU CONTEXTO: Impressões sobre os saraus

O Sarau da Chácara está localizado no bairro do Santo Antônio Além do Carmo. Próximo ao Centro da cidade e do conhecido Forte da Capoeira, o bairro integra o Centro Antigo de Salvador. Além da afirmação cultural identitária de negritude, há a reivindicação da garantia por moradia na localidade. Já que o lugar está dentro do Plano de Recuperação do Centro Antigo de Salvador. 
De acordo com o Jornal A Chácara (produzido pelos organizadores do Sarau), a Diretoria do Centro Antigo de Salvador (Dircas), cadastrou 165 famílias oferecendo aluguel social de R$450 reais. O Dircas é responsável pela coordenação e execução das atividades, assim como da captação de recursos para viabilizar projetos e ações para requalificação da região. 
Os encontros do Sarau acontecem semanalmente, todas às segundas-feiras, em um palco improvisado, pois carece de poucos recursos. A arena para o declame das poesias é realizado em uma casa parcialmente demolida. Ornada com material reciclado, artesanato, grafitte e iluminação precária. O público se acomoda em pedaços de concreto, latas vazias e outros. 
O acesso se dá, por meio de uma escadaria ao lado da entrada do Forte da Capoeira, em certo ponto a escada apresenta problemas de infraestrutura. E mesmo com as dificuldades de acomodação, a falta de lugar físico apropriado, a cultura acontece de maneira latente.
Já o Sarau da Onça acontece quinzenalmente no bairro de Sussuarana – Novo Horizonte. Diferente da Chácara Santo Antônio além do Carmo, existe um espaço físico organizado que foi cedido pela igreja católica, para a realização dos eventos. Com grande repercussão midiática, a Onça consegue mobilizar a juventude da região para a discussão aberta, focada na questão cultural ao abordar temáticas de interesse coletivo. Com efeito, o trabalho que já se demonstra consolidado na valorização da produção artística local, surge na tentativa de empoderamento da juventude negra da periferia. 
Através deste trabalho já foi possível lançar um livro em 2013, que reúne cerca de 70 poesias de artísticas anônimos, além da participação em diversos eventos culturais para divulgação da publicação. O Sarau é organizado por um grupo de pessoas inseridas no contexto cultural de Salvador e que dialogam com outros atores e movimentos sociais. 

Se a margarida flor é branca de fato, qual a cor da Margarida que varre o asfalto?

Thalma de Freitas - Atriz e Cantora

Os Saraus contemplados nessa pesquisa estão situados nos bairros considerados como os mais violentos da capital baiana, diariamente explora-se essa imagem que associa a periferia a um lugar atrasado e abjeto.No entanto, quem lá mora compartilha o mesmo fardo. Mas seria justo com os habitantes dessa comunidade exibir apenas um lado de sua história? Pois a violência e a insuficiência do policiamento diante da real e complexa realidade das ruas é apenas um lado da história.
Vítimas do preconceito socioeconômico que logo se confunde com a cor da pele, do descaso da saúde pública com a falta de hospitais, de reintegração de posse das terras, como visto no Sarau da Chácara, quando estas populações se tornam senhores dos seus próprios destinos, não mais uma mera vítima?
Por coincidência ou não, a reticência dos inúmeros saraus que ocorrem na capital baiana se multiplicam ainda mais quando se adentram nos bairros marginalizados em Salvador, não é pura coincidência que a negra cor se confunda com as vozes dos poetas que não somente clamam por reconhecimento social, mas que também lutam por uma sociedade cada vez mais justa e igualitária, pois se pensarmos a periferia como lugar de escárnio do discurso atual, os saraus quando associados às práticas que minimizam este discurso, sempre será uma heterotopia.
Nos espaços heterotópicos a interação dos atores com as formas e significados relativos ao espaço nos permite afirmar de uma forma geral que: por um lado, a heterotopia impede a ordem pública de evoluir através da sua renovação, e que, por outro lado, a heterotopia estimula a autorregulação do espaço e, portanto, a autoconsciência dos seus atores.
Essa afirmação não deve ser confundida, com a maneira pela qual a perspectiva republicana dos espaços públicos, aponta para uma deterioração da vida pública que deve ser combatida. Também não deve ser diretamente associada com o modo pelo qual a geografia marxista interpreta as novas manifestações de grupos étnicos e identitários, como ações políticas que almejam a transformação radical das relações de poder.
A heterotopia exige a presença de múltiplos atores, que podem ou não assumir o papel de mediadores, desde que essa seja feita informalmente e temporariamente. Dessa forma, quando se argumenta que os atores sociais ganham maior consciência de si mesmos e de uma auto-regulação.
Escritora nigeriana mais influente do mundo com menos de 40 anos.
O SARAU NA MÍDIA: O CORREIO DA BAHIA.
Aline    Damazio

Coisa triste de ver é um sarau agonizando para sobreviver.  O “fenômeno” acontece quando colaboradores cansam de receber como pagamento o “muito obrigado”,  pois os organizadores não têm mais recursos próprios para injetar no projeto coletivo, que, em muitos casos,  é gerido financeiramente por poucos. Nessa situação, o baleiro Tiago, o pedreiro Celso e músico Sidney ficam sem o palco e a plateia para exercerem a profissão que mais gostam: poeta.

Esta história, que mais parece conto, acontece no bairro da Mata Escura, em Salvador, com o Sarau da Mata.  Depois de dois anos atrelando poesia, música e teatro, ele fechou as portas.  Há três meses, deixou “órfãos” cerca de 80 frequentadores.

“As pessoas me encontram na rua e perguntam quando o sarau vai voltar. Digo que em breve, mas sem recursos não tenho uma previsão real. Temos planos, mas nada concreto”, explica  Edmundo dos Santos, 23 anos, arte-educador e um dos fundadores do Sarau da Mata.

Ainda de acordo com ele, os organizadores pretendem reviver o espaço de cultura através da alegria: atualmente, eles se articulam para realizar um festival de riso e, assim, custear os gastos do espaço cultural.

O Sarau da Mata está entre os 12 locais da capital baiana que, de forma independente, democrática e gratuita incentivam a leitura, reúnem quem aprecia ouvir e declamar poesia e, um pouco mais que isso, se transformam em pontos de troca de informações entre diversos estilos de arte.

“Os saraus agregam diversos dados relacionadas à arte. Eles ampliam os horizontes com perspectivas diferentes de construção e desconstrução de informações. Enquanto poeta, essa situação muito me acrescenta”, aponta Sidney Rocha, 45 anos, músico e poeta.

Diferencial em Salvador

Em Salvador, a maioria desses pontos de cultura existem com um diferencial: são voltados a pensar e disseminar a cultura afrodescendente. Escritores, músicos e personalidades negras são lembrados e exaltados em encontros temáticos. Prova disso é o Sarau Bem Black, idealizado pelo ativista social Nelson Maca, do Coletivo Blacktude. O sarau acontece às quartas-feiras, no Sankofa African Bar, Pelourinho. A principal proposta é adaptar a ideia das tradicionais rodas poéticas para um formato que agrega resistência da cultura negra e propagação da arte oriunda das periferias.

Inspirado no Bem Black, o Sarau da Onça, em Sussuarana, já batizou o local que acontece as intervenções artísticas como nome do político, poeta, artista plástico e escritor, Abdias do Nascimento. Uma imagem dele ocupa, de ponta a ponta, uma das paredes e se mescla com as cores verde, vermelho e amarelo - predominantes em bandeiras  de países africanos.                                                                            

Por lá, fica claro que temas relacionados à negritude têm espaço, vez e ecoam com muitas vozes, mas não só naquele local. De  acordo com um dos organizadores, Sandro Santos, 25 anos, o sarau é uma forma de despertar o interesse da população afrodescendente – maioria do bairro – para as obras criadas por negros.

“Procuramos mostrar quem foi Abdias, Martin Luther King, Dandara entre outros negões e negonas que colaboram de forma significativa para sociedade, assim os que estão presentes se transformam em agentes disseminadores das histórias de personalidades negras”, diz.
Do outro lado da cidade, no Santo Antônio, o Sarau da Chacará não deixa o visitante sair sem antes levar gratuitamente um livreto sobre o ex-escravo, jornalista e escritor Luiz Gama.
Apesar da maioria dos saraus serem para enaltecer pensadores negros, o público também pode encontrar espaços que dão dicas aos jovens escritores de como se lançar no mercado, como o Sarau Fala Escritor, no Caminho das Árvores, e que têm até uma boa dose de erotismo, como o Sarau Erótico, que acontece no Pelourinho.

Tem para todos os gostos

Na “linha tradicional” de saraus, há aqueles que prestam homenagens e realizam leituras de escritores que se destacaram com suas obras. Um exemplo é o Sarau Viva Poesia Viva, que há 10 anos estimula o conhecimento sobre o trabalho literário de autores renomados como Afonso Mata, Luis  Antônio Cajazeiras Ramos, Lidia Natália. Como conta Douglas de Almeida, 57 anos,  um dos fundadores, tudo é regado a vinho e frutas. E ao final de cada encontro, os presentes fazem um brinde a mais um dia de que a poesia vive.
Enquanto tantos saraus tentam sobreviver, outros nascem com plena disposição para dar vez a poetas anônimos. No Bairro da Paz , por exemplo, está nascendo um  sarau.  Já existe um espaço, Avançar, no final de linha do bairro. No espaço, agora há cadeiras. Nas cadeiras, há baleiros, pedreiros, donas de casa, músicos, pessoas muitas pessoas. Nas pessoas, ideias várias. Nas ideias várias, poesia!

*Colaborou Edvan Lessa
O especial SOMOS é produzido pelo time de focas da quinta turma do Correio de Futuro. Acesse o blog.

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